Aos programas de fidelidade podem ser atribuídos dois modelos básicos, o de retenção e o de fidelização. O modelo de retenção foi explorado na última semana, em que foi possível identificar que programas em que o benefício é vinculado ao consumo se enquadram neste modelo (RETENÇÃO).
E o modelo de Fidelização? Como pode ser identificado?
Em um modelo de fidelização, o participante recebe um benefício por SER ou ESTAR. Não é o consumo (ou não SOMENTE) realizado pelo participante que conta para dar-lhe direito ao benefício.
No mercado brasileiro são ainda poucas as iniciativas de um programa de fidelidade do modelo de fidelização, unicamente. Normalmente são verificadas ações de fidelização dentro de programas de recompensas (modelo de Retenção). Pois ainda há certa dificuldade em se mensurar efetivamente o resultado destas ações de fidelização em termos financeiros. Os modelos de recompensas apresentam características que facilitam apresentar o resultado, e as ações de fidelização acabam sendo vistas como “custo” para o programa de recompensas, ao invés de “investimento” no cliente.
Esta escassez de modelos de fidelização torna a exemplificação mais difícil, porém existe um exemplo bastante famoso atualmente no Brasil.
A associação entre uma operadora de Telefonia Celular e uma das maiores redes de cinema do País.
Os clientes da empresa de telefonia, ao se inscreverem gratuitamente no programa de fidelidade (que também é um programa de recompensas) têm direito a 50% de desconto em qualquer dia e sessão nesta rede de cinemas. Parte importante desta parceria e, em minha opinião, fator chave para o sucesso é a ausência de restrição quanto aos filmes, exceto pelas salas Premium da rede de cinemas, o benefício é estendido a todas as salas, filmes e sessões.
Além deste benefício, em um dia escolhido do mês (a última quinta-feira), todos os clientes da empresa de telefonia têm direito a levar um acompanhante pagando somente 50% de um ingresso.
Para o benefício “padrão”, clientes de categorias diferentes têm benefícios diferentes: cliente da categoria A tem 50% de desconto em um ingresso. Cliente da categoria B tem 50% de desconto em até DOIS ingressos.
A categorização é feita com base no perfil de consumo. Porém, o benefício disponibilizado ao cliente pela Operadora de Telefonia está atrelado ao fato dele ESTAR cadastrado em seu programa. O cliente não precisa consumir um mínimo de minutos, ou enviar torpedos, ou adquirir qualquer serviço adicional para ter direito aos benefícios. Ele é um cliente, e por isso tem direito aos benefícios oferecidos. Para esta métrica, o modelo de recompensas serve como balizador para a categorização, além dos prêmios que podem ser resgatados com o uso dos pontos acumulados.
Porém é o modelo de Fidelização que se sobressai, inclusive nas campanhas da empresa, fortalecendo a relação empresa/cliente, fidelizando este último.
No exemplo anterior os nomes das empresas foram suprimidos, pois o objetivo deste artigo não é divulgar nem as empresas e nem o programa, e sim utilizá-lo como exemplo de práticas de Programas de Fidelidade com base no Modelo de Fidelização.
Pode-se ainda imaginar o exemplo de uma loja de roupas esportivas que envie periodicamente uma revista aos clientes cadastrados na loja (clientes cadastrados, não necessariamente participantes de um programa de recompensas ou consumidores freqüentes). Não uma revista qualquer, mas uma revista editada exclusivamente para estes clientes, que não possa ser adquirida em outros locais, com matérias destinadas a esportistas, divulgação de uma nova coleção, novos tecidos e materiais esportivos, entre outros.
A exclusividade da revista, associada à imagem de bem estar da loja dá ao cliente uma sensação de “status”, que atende suas necessidades mais supérfulas (remetendo às teorias de Maslow), e cria no cliente um vínculo à marca.
Os dois exemplos citados formam no cliente, através da sua condição de CLIENTE (e somente por ela), um vínculo afetivo com a empresa, facilitando a conversão deste cliente em um cliente fidelizado. Os vínculos afetivos tendem a apresentar uma maior resistência a serem rompidos, flexibilizando o campo de atuação da empresa, ou seja, a empresa pode cometer alguns “equívocos” e, se percebidos rapidamente, não ter a sua imagem maculada por conta disso.
Em situações onde o cliente está somente retido, uma ação incorreta pode levar este cliente à concorrência. Clientes que tiveram sua fidelidade “conquistada” pela empresa, através das ações de fidelização certas para cada segmento, tendem a ser mais tolerantes.
Após esta breve apresentação dos programas de fidelidade, suas propostas e seus modelos, os próximos artigos tratarão de questões mais práticas como, por exemplo, a definição do melhor modelo de programa para o tipo de negócio da empresa, ou como iniciar um processo de implantação bem sucedida de um programa.
Abraços e boa semana.